Opinião por Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem Hoje
Por Miguel Esteves Cardoso
Por Miguel Esteves Cardoso
in jornal Públco
Agora, nestes últimos dias, não consigo pensar ou falar noutra coisa. Hoje a Maria João leva o último escaldão da radioterapia. Está cansada. Passou por muito. Desde Agosto até hoje.
Tantas vezes ouvimos dizer que as viagens de mil milhas começam com um passo que nos esquecemos que é verdade. A distância não interessa. É a recompensa da contagem. Segue-se um segundo passo. E o terceiro fica sempre mais perto. Mesmo que só se dêem dez passos, foram dez passos dados. É melhor este consolo aritmético, dos números a mudar e a crescer, do que a ilusão de que mais valia ficar parado.
Antes de começar a quimioterapia, contávamos os dias até começar: "Só faltam dois dias para começar a envenenar o cabrão do cancro." Nos dias a seguir, quando o veneno sobrava para tratar da saúde à saúde, contávamos os dias que faltavam para o próximo envenamento: "Ainda temos duas semanas!" Nos intervalos, vivemos e amámo-nos, como se os tratamentos é que fossem intervalos e os intervalos, comparados com o tamanho e a duração da nossa vida e do nosso amor, fossem pagamentos em dor, pelo prazer e pela alegria maior de podermos continuar os dois vivos e apaixonados. Não foi só um susto que apanhámos. Continuamos assustados. Mas os dias passaram e todos os dias demos um passo. Às vezes caímos. Mas às vezes passeámos. As quedas foram más, mas foram um bom preço para os passeios.
Os dias têm números; os números ajudam; a vida vale a pena, mas precisa de ajuda; de ser vivida. Obrigados.
Muita força para a Marina do http://careca-loira.blogspot.com/ .
E para todas as amigas que estão a passar momentos menos bons com os tratamentos.
E para todas as amigas que estão a passar momentos menos bons com os tratamentos.
6 Comments:
um texto cheio de realismo.
É com diz a Isa... É a realidade!
Voluntária diz que participação em pesquisa salvou sua vida
Publicidade, por DENISE MENCHEN
da Sucursal do Rio do jornal Folha Online
No fim de 2009, quatro anos após ser diagnosticada com câncer de mama, a dona-de-casa D.A. (iniciais fictícias), 79, mal saía da cama. Apesar do tratamento, a doença tinha se espalhado para os pulmões, o fígado e as costelas, e a dor a impedia de seguir com sua rotina.
"Eu precisava de ajuda para tudo, para ir ao banheiro, para tomar banho, para pegar o controle da televisão", diz. "Não tinha forças nem para falar e quase não comia mais."
Na semana passada, ao receber a reportagem em sua casa, em Duque de Caxias, a situação era outra. D.A. levantou-se com facilidade do sofá para cumprimentar a repórter e contou animada que as dores tinham cessado. "Antes eu estava tomando morfina, neste mês nem paracetamol tomei."
Desde dezembro, ela é uma das duas voluntárias que testam no Rio um novo medicamento contra câncer da Roche. Analfabeta, contou com a ajuda da família para decidir se iria participar da pesquisa. Os termos de consentimento foram lidos pelo médico e relidos pela filha. "A gente sabia de tudo que podia acontecer", conta a filha.
Mesmo diante dos riscos, D.A. afirma não ter tido dúvidas sobre a participação na pesquisa. "Se não fosse isso, eu não ia ficar nem mais três meses viva", diz. "E, se não servisse para mim, poderia servir para outras pessoas."
Ora cá está alguém que adjectiva bem o cancro. Simples quanto baste, muito bom texto.
Bjs a tds
Muito bem escrito, como tudo o que o MEC escreve.
Tinha-o lido no papel :)
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