"Rosa, Esperança" apresentou-se em Rio Maior, no domingo, vestida de surpresas e muita alegria.
Foi o último dia, desta primeira série de espectáculos, em RM e já se vivia a nostalgia do "até logo"...
Gostaria de encontrar as palavras certas para vos descrever o mundo de emoções que se viveram ali, mas penso não haverem palavras certas para o fazer. Ao longo destes fins de semana tivemos sempre a presença de amigas/os dos peito e coração, o que para nós foi um suporte de desempenho enorme. O público, em cada espectáculo foi sempre caloroso, incentivo precioso para que quizessemos fazer sempre melhor.
No domingo, vivi o momento mais bonito de todo este percurso. Vivi muitos, mas este foi maravilhoso. No final, fomos surpreendidas por todas as mulheres que estavam na plateia- conhecidas nossas, recém-conhecidas e anónimas- as que tinham ou estavam a lutar contra o cancro da mama. Subiram ao palco, durante os aplausos, debaixo de olhares surpresos e inquiridores, indiferentes ás nossas caras de espanto juntaram-se a nós e brindaram á vida, á luta e á vitória.
Desmanchei-me de imediato, esqueci tudo... e durante largos minutos fomos só eu e elas naquele palco, entre abraços e lágrimas, agradecimentos e apresentações.
O que senti?!...
Senti que as sete mulheres que sempre subiram aquele palco eram elas, e que elas eram todas as outras que se espalham por aí, na sua luta e sofrimento. E sentiram-se tanto umas das outras que sem pudores subiram os degraus que as separava. E eu, tinha atingido o máximo da minha participação: num abraço ás presentes, abracei todas as que não estiveram ali, mas estavam lá representadas. Um abraço que não fará diferença na doença, mas decerto acrescentará algo aos afectos que todas precisam, especialmente.
O filho da lindissima Natty (que se nos apresentou nesse dia mais a familia) brindou-nos também, em palco e afinadissimo, com o "She" de Elvis Costello, performance que dedicou a todas as mulheres... e nem era necessário, o brilho no olhar já nos dizia isso.
Pela primeira vez, em todas as nossas apresentações, não me doeram os pés do alto das sandálias prateadas, porque não toquei o chão com os pés... Foi isto que senti.
Ainda vos virei falar de um outro grupo: o grupo esplêndido, que fazia a parte de abertura da peça. Mais um grupo de pessoas que passará a fazer parte da nossa vida.